Manaus - Cerca de 20 crianças da
comunidade ribeirinha São Thomé, localizada no município de Iranduba,
que fica a 50 quilômetros de Manaus, participaram de atividades lúdicas e
exposição sobre os mamíferos aquáticos da Amazônia, na última
sexta-feira (31). O destaque ficou por conta do peixe-boi (Trichechus
inunguis) e o boto-vermelho (Inia geoffrensis).
De acordo com
o biólogo e coordenador do núcleo de Educação Ambiental da Associação
Amigos do Peixe-boi(Ampa), Rafael Tavares, as crianças foram ensinadas,
de uma forma bem descontraída, sobre a importância que esses animais têm
para o equilíbrio ecológico. Houve pintura de rosto, desenho no papel,
dança e canto.
“Fizemos tudo isso para que, de forma divertida,
pudéssemos levar a essa comunidade conhecimento sobre os mamíferos
aquáticos da Amazônia, principalmente o boto-vermelho, animal que sofre
com a caça ilegal e que, para comunidade, representa meio de
sobrevivência, por conta das atividades de interação que existem no
local”, explicou Tavares.
Conforme o biólogo, o peixe-boi e a
ariranha foram intensamente caçados no passado e isso contribuiu para
que esses animais se tornassem espécies ameaçadas de extinção. “Embora
ilegal, a caça ainda é feita, principalmente pela população ribeirinha.
Mas, outro fator que pode contribuir para o desaparecimento desse
mamífero é a destruição do seu habitat, por isso, enfatizei na
explicação para as crianças que não se deve jogar lixo no chão e nos
rios, porque as águas são a casa desses animais”, ressaltou.
Ecoturismo Amigo do Boto-vermelho da Amazônia
A
ação realizada faz parte do Ecoturismo Amigo do Boto-vermelho da
Amazônia, um projeto pioneiro de turismo sustentável e interação de
baixo impacto com botos-vermelhos no Estado.
Idealizado pela
Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) e patrocinado pelo Oi Futuro, o
projeto busca promover o turismo sustentável, melhorar a renda de uma
comunidade ribeirinha, reabilitar e fomentar o bem estar de crianças
portadoras de necessidades especiais; além de contribuir com a
conservação ambiental, por meio da implantação de uma estrutura
flutuante receptiva, denominada “Flutuante Amigos do Boto-vermelho”. A
comunidade contemplada, São Thomé, é formada por ribeirinhos.
O
projeto iniciou as atividades há sete meses e já começou a se
concretizar com a construção do flutuante que servirá como base para as
atividades de interação com os botos.
Aliado ao ecoturismo, a
prática da bototerapia com crianças portadoras de necessidades
especiais, desenvolvida pelo Instituto Anahata Bototerapia, criado há
cinco anos e parceiro da Ampa há quatro; já desenvolve atividades de
terapia na área onde será implantado o Flutuante Amigos do
Boto-vermelho, na comunidade São Thomé.
Saiba Mais
A
área do turismo que mais tem se destacado no mundo é o turismo de
natureza. E por que não usar essa ferramenta em favor da conservação dos
botos da Amazônia? Pesquisadores acreditam que disseminar conhecimento é
uma forma de contribuir para a valorização dos recursos naturais.
Assim, os resultados de pesquisas oriundas do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), em parceria com a Associação Amigos
do Peixe-boi (Ampa), trouxeram uma preocupação. Será que o boto-vermelho
ainda habitará a bacia hidrográfica amazônica?
Essa inquietação
surgiu quando estudos apontaram que a população de botos-vermelhos vem
diminuindo 10% ao ano, em algumas regiões da Amazônia. O motivo da
redução da espécie é a caça. O animal é utilizado como isca na pesca de
um peixe chamado piracatinga, que no Brasil é comercializado com o nome
de douradinha.
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Fonte: D24AM
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