De manhã à tarde, o movimento é intenso no zoo, com famílias inteiras interessadas em conhecer os legítimos representantes da fauna do Velho Chico, o chamado rio da unidade nacional, que nasce na Serra da Canastra, no Centro-Oeste mineiro. Curtindo os dias livres, o casal Sérgio Bambirra e Simone Pellegrini, moradores de Viçosa, na Zona da Mata, com as gêmeas, Júnia e Clara, de 11 anos, e a amiga Beatriz Oliveira Ludgero, de 12, começou a visita pelo maior dos 22 aquários existentes, o que armazena 500 mil litros de água. As meninas adoraram, posaram para fotos – sempre sem flashes, para não prejudicar os olhos dos peixes – e leram todas as informações sobre o piau-branco, piaba-do-rabo-amarelo, curimatã-pioa, matrinxã e acará. Mas, curiosas, queriam saber também como é a face oculta desse ambiente que fascina logo de cara. Inaugurado em março, o espaço tem 2 mil metros quadrados de área construída e muito para se ver. Em frente e verso.
Tudo azul
Depois dessa cena inusitada, que mais lembra um filme ambientado no fundo do mar, devido ao tom azulado da iluminação especial, o biólogo mostra como é feita a filtragem de 1 milhão de litros que abastecem os tanques e são bombeados de um poço artesiano dentro da fundação. “A circulação da água funciona 24 horas por dia, sendo feita, toda semana, a troca de 10% a 20% do total existente no tanque, para limpeza dos filtros e manutenção da qualidade de água”, diz Thiago, mostrando o complexo sistema de canos, bombas, filtros e registros que ficam atrás dos tanques, numa área restrita aos funcionários. Lá está a garantia do perfeito funcionamento do sistema. Os filtros são peça fundamental em todo processo, com várias modalidades. Tem os de areia, de zeolita, um mineral, para uso em emergências, de ozônio, de carvão ativado e ultravioleta.
Por trás do lento desfile dos peixes, há o trabalho pesado e diário da equipe que cuida dos aquários e trata de avaliar uma série de parâmetros, como temperatura, nível de acidez (pH) e de oxigênio dissolvido. Duas vezes por semana, é avaliada a qualidade da água, com indicadores como alcalinidade, dureza, concentração de amônia, nitrito e nitrato. Thiago conta que, no inverno, a temperatura deve ficar em 23 graus, nunca abaixo disso, para não causar doenças aos peixes, enquanto, no verão, a variação fica entre 26 e 27 graus. Embora o ambiente seja fechado, as alterações nos termômetros são importantes para os animais perceberem as mudanças climáticas e se sentirem mais de acordo com o seu hábitat, que inclui ainda pedras moldadas em fibra de vidro, galhos de árvores e plantas aquáticas naturais.
Outro setor fundamental é o laboratório de ictiologia, onde peixes recém-chegados ficam em observação no período de quarentena, de 30 a 40 dias, fazendo uma série de exames para evitar a contaminação do plantel. A alimentação também passa por critérios rigorosos e ninguém pense que os exemplares vivem só da ração balanceada servida diariamente. Na dieta, entram também carne, devido à proteína, frutas, legumes e peixes mortos.
Mundo líquido
De volta ao outro lado desse mundo líquido, dá gosto ver o rosto das crianças enquanto apontam os peixes ou simplesmente hipnotizadas pela tranquilidade dos “nadadores”. Acompanhada da mãe, Renata Cristina Farias Sales, e do primo Marcelo Júnior de Farias Moura, a pequena Sabrina, de 8 anos, gostou de tudo o que viu. “Nossa! É muito legal!”, afirmou, com um sorriso entusiasmado. Na tarde ensolarada, o auxiliar administrativo Giovanni de Almeida curtiu o passeio com a filha Ana Clara, de 9, animada com as belezas desse mundo em estado líquido. Um universo que fascina também adultos, como do professor de veterinária da Universidade Federal de Lavras (Ufla) Sérgio Bambirra, para quem “o aquário daqui melhor é do que o de São Paulo”. Para o biólogo Thiago Carvalho, da Fundação Zoobotânica, o aquário é um lugar de diversão, mas também espaço fundamental para educação ambiental e conhecimento.
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Fonte: Site UAI
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