domingo, 4 de julho de 2010

Belo Monte ameaça peixes raros


A novela sobre os estragos que a construção da usina de Belo Monte, no Pará, pode causar está apenas começando. Um levantamento feito por um grupo de pesquisadores do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil) aponta que nove espécies de peixes raros podem desaparecer do mapa, na Volta Grande do Xingu, onde a hidrelétrica deve ser erguida.
São eles o Aequidens michaeli, Anostomoides passionis, Astyanax dnophos, Ossubtus xinguense, Parancistrus nudiventris (foto), Pituna xinguensis, Plesiolebias Altamira, Simpsonichthys reticulatus, e Teleocichla centisquama.
Ao todo, foram identificadas 819 espécies de peixes raros de água doce no País. Com base na distribuição de cada uma delas, o levantamento mapeou 540 bacias hidrográficas-chaves para a conservação dos ecossistemas aquáticos brasileiros.
Em outras palavras, são lugares insubstituíveis, pois trazem espécies endêmicas (próprias daquelas águas). Somente na Bacia do rio Amazonas foram identificadas 124 microbacias e 184 espécies de peixes raros.
“Na região da Volta Grande do Xingu, temos quatro áreas críticas para conservação que possuem menos de 50% de sua vegetação remanescente”, explica Thaís Pacheco Kasecker, coordenadora de serviços ecossistêmicos do programa Amazônia da CI-Brasil.
Das nove espécies em perigo no local, diz, duas certamente se extinguiriam com a construção da usina porque vivem em lagoas temporárias que desapareceriam com a obra.
Para as demais, ainda é necessária uma avaliação de como seriam afetadas pela construção, já que, apesar de existirem em outras partes da Bacia do Xingu, alterações na altura da Volta Grande podem impedir seu ciclo de vida. O estudo foi publicado na revista PlosOne e se baseia nas descobertas publicadas pelos ictiólogos brasileiros nas últimas duas décadas.
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