sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Criação de peixes em alta em MT


Mato Grosso é reconhecido por ofertar a maior produção de soja, algodão, girassol, milho de segunda safra do Brasil, além de ser o detentor do maior rebanho bovino de corte do País. O que poucos sabem é que o Estado tem potencial reconhecido para conquistar mais um segmento de atividade primária: a aquicultura.
A atividade caminha em direção à profissionalização de seus agentes e esbarra na falta de políticas sanitárias. Mas mesmo com esses gargalos, a aquicultura em Mato Grosso se posiciona, hoje, na quinta posição no ranking do pescado continental (água doce) do Brasil perdendo apenas para o Ceará e para os estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.
As principais espécies cultivadas- tambaqui, tambacu, pacu e piraputanga- podem ser encontradas nas regiões norte e centro-sul. De acordo com dados do perfil, analistas do setor afirmam que se todo o potencial fosse aproveitado corretamente, a produção suplantaria, em toneladas, a atual produção de grãos.
Com aspectos fortes, a cultura está fortalecida pelo clima e temperatura da água, ideal para psicultura; pelos mercados regional, internacional e nacional - em franco desenvolvimento e propícios a esta atividade considerada de alta rentabilidade e pela existência de frigoríficos que podem diversificar seu ramo de atividade.
De acordo com Valter Santana, superintendente federal do Ministério da Aquicultura e Pesca no Estado, “a piscicultura, em Mato Grosso, está tomando um rumo “fantástico”. A piscicultura fechou 2008 no Estado com 27 mil toneladas de pescado, elevando Mato Grosso do 8º para o 4º lugar no ranking nacional. A expectativa é que as novas estatísticas revelem um crescimento ainda mais significativo que o alcançado no último ano. As previsões para 2010 são grandes”.
Dentre os fatores que impulsionam a aquicultura em Mato Grosso, o superintendente do Ministério cita um bom entrosamento com o governo estadual, que tem apoiado e investido na atividade.
Outro fator predominante é a mudança de comportamento do mercado consumidor, que não “digeria” muito bem o peixe de cativeiro, preferindo comprar o pescado tradicional. Hoje, a aceitação do mercado é muito boa e impulsiona a criação de peixes em tanque.
Mais um motivo, causa ou consequência do anterior, é a criação cada vez mais intensa de tecnologias e mecanismos de produção. Bom mercado impulsiona mais investimentos, informação e melhora a qualidade do produto, o que, por sua vez, volta a impulsionar a aceitabilidade do consumidor.
Santana comenta que muitas pessoas têm começado a enxergar a criação de peixes como uma atividade lucrativa e que tem bastante espaço no Estado, investindo em criadouros. “E só vai crescer”, prevê o superintendente.
O produtor rural, Manoel Milo da Costa, do município de Nossa Senhora do Livramento, da comunidade Ribeirão dos Cocais, compra alevinos da Estação de piscicultura da Empresa mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), há mais de 14 anos para cria e engorda. Ele possui dois tanques, num total de 1.500 alevinos e espera que em 18 meses possa retirar peixes pesando até 2 quilos, prontos para o abate e consumo.
Francisco Marques, responsável técnico pela Lufada Piscicultura, trabalha há 15 anos na reprodução de alevinos, em uma área distante de Cuiabá há 25 quilômetros do trevo do Lagarto em Várzea Grande. Ele revela que investe cerca de R$ 8 mil por mês para a manutenção dos alevinos. “A Lufada faz a reprodução das espécies e vendemos os filhotes para o comércio e produtores. Os alevinos são vendidos a partir de R$ 150,00 com uma quantidade de 1.000 mil filhotes”.
A Nativ Pescados atua no município de Sorriso. É uma empresa consolidada e em franco crescimento e emprega mais de 50 funcionários. De acordo com Cristian Brant, diretor de produção da empresa, o estado tem grande potencial devido aos recursos hídricos com grandes projetos de geração de energia que criará importantes polos para a aquicultura.
As principais espécies produzidas são oriundas da Amazônia: tambaqui, tilápia, pintado e surubim. A empresa conta com um processo inédito de produção no segmento de pescado, utilizando alto controle de quantidade de ponta que tenha um aproveitamento integral dos produtos. Além do produto in natura, com cortes especiais, a empresa investe principalmente em produtos industrializados como filés empanados e congelados. O frigorífico em Sorriso tem a capacidade de abate de 12 a 14 toneladas de peixes por turno, gerando uma produção de produtos “in natura” de 4 toneladas por turno e mais 4 toneladas de produtos industrializados por turno.
O produtor rural, Gonçalo Antônio, locou uma chácara de 10 hectares, contendo duas represas para cria e engorda de alevinos. O produtor comprou 5 mil alevinos de tambacu e pretende, em 18 meses, comercializar mais de 5 mil quilos de peixe. “Faço questão de comprar alevinos de tambacu, pois é um peixe que desenvolve mais rápido em menos tempo. Vamos testar e comercializar”, comenta.
A Aldeia Meruri, no município de General Carneio (449 KM de Cuiabá, em Mato Grosso) sedia o projeto piloto de piscicultura do Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA). Na comunidade vivem cerca de 500 índios bororos em uma área de 82 mil hectares. No local existem sete tanques com 18 mil metros quadrados que servem de berço para 19 mil alevinos das espécies Tambatinga e Piauçu. A primeira produção foi de três toneladas, o excesso de produção (cerca de 700 quilos) foi vendido para um supermercado em Barra do Garças.
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Fonte: Circuito Mato Grosso - Regina Botelho - Redação Jornal Circuito Mato Grosso

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