terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Em defesa das tartarugas


Ed Wanderley
edwanderley.pe@dabr.com.br

Uma verdadeira força-tarefa está montada na praia de Boa Viagem, no Recife, em defesa de um dos locais de desova de tartarugas marinhas. Além de duas equipes da Brigada Ambiental da Guarda Municipal, um voluntário do Ibama resolveu acampar ao lado da faixa de areia onde a fêmea da chamada tartaruga verde (chelonia mydas) depositou cerca de 150 ovos na semana passada. Há 23 anos trabalhando voluntariamente no combate aos maus tratos de animais, Adriano Artoni, 41 anos, promete passar os dias (e algumas noites) dentro de uma barraca de 4 metros quadrados, contando apenas com lanches, água e um binóculo que o ajuda a monitorar a atividade marinha, tanto do avanço da maré quanto da possível aparição de novas tartarugas.
´É uma forma de pressionar as autoridades para que essa vigilância da brigada seja constante. São entre 45 e 60 dias para o nascimento dos filhotes, então, é necessário defender o local`, explica. Somente em caso de haver um monitoramento constante da região, é possível ter boas perspectivas em relação à possibilidade de vida dos filhotes (para que sejam chocados corretamente, é necessário que os ovos não sejam mexidos, nem arrastados pelo mar).
Caso contrário, o Ibama deve contar com o auxílio do Projeto Tamar, com sede nas praias de Pipa (RN) e de Fernando de Noronha (PE), para transportar todos os ovos a uma praia mais deserta. Segundo o guarda da Brigada Ambiental, Pablo Fontes, essas tartarugas crescem e depois de 20 anos voltam ao local onde nasceram para desovar. ´Esta da semana passada, por exemplo, com certeza nasceu no Recife. É preciso pensar justamente em como a área estará daqui a 20 anos. A área é muito movimentada, o que não oferece segurança`, explica.
Nos próximos dias, técnicos do Ibama e do Projeto Tamar estarão no local para avaliar os riscos aos quais os ovos podem ser submetidos. Só depois disso vão decidir se haverá a necessidade do transporte. Até lá, a área continua isolada. Banhistas ou comerciantes que atuam na região que invadiremo espaço ou causarem danos indiretos à ninhada podem responder por crime ambiental, cuja pena varia de 6 meses a 1 ano de reclusão, conforme Lei Municipal nº 9.605.

Perigo

Além da ação individual, uma outra questão vem passando despercebida nas praias da Zona Sul do Recife. Na faixa que vai de Boa Viagem a Piedade, desde a última semana é possível encontrar tratores circulando pela areia da praia em obras urbanísticas das duas cidades. Somente em janeiro, três pontos de desova de tartaruga foram utilizados, sendo dois no Recife e um em Jaboatão dos Guararapes. No entanto, apenas o primeiro deles está devidamente isolado e identificado.




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