sexta-feira, 17 de junho de 2011

Maioria dos filhotes de peixe ornamental apreendidos pelo Ibama no AM não sobrevive


A maioria dos alevinos que seriam contrabandeados para o exterior e que são apreendidos na fronteira do Amazonas com a Colômbia morre por estar distante de seu habitat natural e por não existir estrutura adequada para acondicionar os animais. Os filhotes preferidos dos contrabandistas e transportados por mulas são o bodó ornamental (de diferentes espécies, incluindo o que está em risco de extinção conhecido como cascudo listrado) e a aruanã negra, cujo tamanho médio é de cinco centímetros. A carga é pescada na região do rio Xingu, no Pará, nas proximidades do município de Altamira. Segundo o chefe do escritório regional do Ibama em Tabatinga (a 1.106, 66 quilômetros de Manaus), Erland Assunção Gomes, somente este ano, foram realizadas seis apreensões no aeroporto de Tabatinga de carga trazendo alevinos. Ele não soube precisar a quantidade total de alevinos apreendidos e dos que não sobreviveram. Apenas afirmou que a maioria veio à óbito por falta de oxigênio. Na última sexta-feira (10), um peruano que atuava como mula foi preso em Tabatinga com 1.205 filhotes de aruanã negra vindo de Altamina. Na carga também havia 260 filhotes de bodós, entre eles 15 cascudo listrado (também é conhecido como bodó zebra). Em uma outra apreensão realizada este ano, o Ibama e a PF chegaram a apreender 10 mil alevinos de aruanã. A maioria das pessoas detidas consegue ganhar liberdade já que se trata de crime afiançável. Uma delas (natural de Altamira), contudo, está presa em Tabatinga.

Tráfico

A rota do tráfico de alevinos inclui Altamira, Santarém (ambos no Pará), Manaus e Tabatinga. A viagem chega a durar 12 horas. O plano é passar pela fronteira, por meio de Tabatinga, e chegar na Colômbia. A partir deste país, os animais são enviados para outros continentes. “No caso dos alevinos, ele só é considerado ornamental na Colômbia. No Brasil não, apesar de ser muito bonito. Mas essa espécie só dá em alguns lugares. No Amazonas, tem no rio Negro, mas a maioria vem do Xingu”, conta Gomes. Apesar das apreensões serem bem sucedidas, as conseqüências são lamentáveis. Sem um aquário para abrigar os animais, os peixes não sobrevivem. Para evitar mais óbitos, o Ibama de Tabatinga enviou a última carga apreendida a Manaus para que os alevinos sejam abrigados em aquários ou enviados para o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e criadouros credenciados. Gomes disse que também já solicitou da superintendência do Ibama um aquário para acondicionar os peixes após a apreensão. Conforme o chefe do escritório do Ibama em Tabatinga, o contrabando de alevinos é uma prática corrente, mas este ano, após a intensificação das fiscalizações, ele passou a ser mais noticiado.

Articulação

O superintendente do Ibama no Amazonas, Mário Lúcio Reis, disse que os alevinos não podem ser soltos no rio tão logo são apreendidos por serem endêmicos de uma habitat específico – no caso, o rio Xingu. Para reduzir a mortandade dos alevinos, Reis se articula com os órgãos ambientais de Altamira, solicitando aumento de fiscalização na origem da rota da captura dos aruanãs e bodós. Mário Lúcio Reis confirmou que vai enviar aquário para o Ibama de Tabatinga. Outra medida é se articular com o Instituto Mamirauá, como sede em Tefé (AM), que tem estrutura para receber os animais.

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Fonte: Acritica-Amazônia

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