Na Suécia, um
estudo sugere: concentrações de drogas psiquiátricas presentes nos rios
podem ser suficientes para alterar comportamentos de espécies fluviais e
seus ecossistemas.
Por Bruna Bernacchio
Considerado por muitos como abusivo e prejudicial,
o consumo crescente de medicamentos psiquiátricos pode estar afetando
também outras espécies animais. É o que revela um estudo de cientistas
suecos, publicado há uma semana (14/2) pela revista Science e resenhado pelo New York Times. A pesquisa partiu de algo sabido: excretadas pela urina ou descartadas, drogas anti-ansiedade como Oxazepam
contaminam a água dos rios e estão presentes no cérebro dos peixes
fluviais. Os cientistas quiseram testar, então, de que forma estas
substâncias poderiam afetar o comportamento destes animais e seu
habitat.
Para tanto, filhotes de perca
foram capturados, divididos em três grupos e criados em aquários com
três concentrações distintas de Oxazepan: a) zero; b) três vezes mais
alta que em seu ambiente natural, o Rio Fyris; c) 1500 vezes maior. Os
cientistas constataram que, quanto mais
Oxazepam os peixes ingeriam, mais ativos e menos sociais se tornavam.
Eram mais rápidos para pegar e ingerir zooplâncton. Apresentavam-se mais
ousados e destemidos. Passavam menos tempo com outros peixes e mais
tempo isolados.
Tomas Brodin, professor assistente de ecologia na Umea University e um dos coordenadores da pesquisa,
relatou que a mudança de comportamento era visível, em suas aparições
no local da pesquisa. Os peixes não-expostos à droga “estavam
basicamente escondidos”; mas os outros, “apareciam para me cumprimentar:
eram totalmente diferentes”. Ele considerou que esta mudança poderia
afetar o ambiente de distintas maneiras. As percas estimuladas pelo
Oxazepan poderiam tornar-se predadores mais hábeis; ou presas mais
desprotegidas, devido a seu destemor.
Exceto no caso dos
peixes criados livres de Oxazepan, os dois outros grupos foram,
submetidos, é verdade, a concentrações da droga não existentes nos Rio Fyris, que banha Uppsala – uma cidade de 140 mil habitantes. Mas qual será a presença do medicamento nas águas das grandes metrópoles globais?
A contaminação de
peixes por medicamentos psiquiátricos e por hormônios humanos
sintetizados já havia sido constatada anteriormente. Nos EUA, estudos
revelaram a presença de antidepressivos como Prozac e Zoloft nos
cérebros de peixes fluviais, nos estados de Colorado e Iowa. No Rio
Potomac (que banha a costa nordeste norte-americana e a capital,
Washington), foram encontrados peixes machos que desenvolveram
características sexuais femininas.
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Fonte: Blog da Redação
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