terça-feira, 7 de julho de 2015

Amazonas registra alta de cerca de 30% nas exportações de peixes ornamentais

                                            Imagem: investiramazonia

por Tanair Maria - Jornal do Commerciotmaria@jcam.com.br
PORTAL AMAZÔNIA - A volta do crescimento das exportações de peixes ornamentais, vivos, de água doce chama a atenção no Amazonas. Dados da balança comercial brasileira apontam que de janeiro a maio de 2015 foram exportados US$ 605.706, o que corresponde a um crescimento de 29,7% se comparado ao mesmo período de 2014, quando registraram US$ 467.011. Depois de perder boa fatia do mercado externo para o Pará e também devido ao contrabando para a Colômbia, Venezuela e Peru países fronteiriços do Amazonas, os números revelam que a atividade no interior do Estado voltou a crescer.
Segundo o secretário da Pesca do Amazonas, Geraldo Bernardino, vários são os fatores que inibiram o avanço da atividade no Estado, principalmente a desorganização por falta de normatização condizente com a realidade em cada Estado brasileiro. No entanto, a saída está nas cooperativas e na elaboração de regras claras para cada situação. “Nós sabemos que o grande trunfo para o peixe ornamental no Brasil é a organização e o grande instrumento é a cooperativa”, analisou.
Para Bernardino o grande problema está na demora para pôr em prática os projetos que envolvam a cadeia produtiva do peixe ornamental. Demandando tempo de capacitação dos pescadores, que possuem o hábito do extrativismo individual. “Muitos desse pessoal vêm do extrativismo e esse comportamento de viver em grupo é muito difícil. Então é esse estímulo ao cooperativismo que nós estamos levando para Barcelos”, informou.
O governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura (Sepa), colocaram em seu programa anual, a aquisição de dois barcos específicos para o transporte de peixe ornamental. “Inclusive vamos retomar a discussão com o Ministério da Pesca, sobre o projeto dos terminais para peixe ornamental de Barcelos e de Manaus. Onde vai estar garantida a origem do peixe ornamental, classificação, as condições sanitárias e para onde vai ser exportado”, adiantou Bernardino ao Jornal do Commercio.
Novos investidores
Um dos mais novos exportadores de peixe ornamental é o empresário Sued Canavieira Fonseca Júnior, que em 2011 iniciou a atividade de exportação de peixe ornamental inaugurando a empresa Amazon Peixes. Um hobbie que começou na adolescência e que virou um negócio rentável para a família. “Era um hobbie, sou apaixonado pela atividade. Comecei muito cedo, com 13 anos de idade, a criação de peixe ornamental, não com exportação, somente a criação em cativeiro de peixe ornamental”, contou.
Sued lembra que entrou com facilidade nesse mercado devido à carência de exportadores. “O mercado estava muito deteriorado, muito fraco, muito carente de novos exportadores. Assim foi fácil entrar nesse mercado”, relatou. Segundo ele o município de Barcelos era o maior polo de peixe ornamental com a espécie cardinal, mas que hoje em dia a procura por outras espécies estendeu-se para todo o Estado do Amazonas. “Tendo como prioridade, lógico, o rio Negro, sendo as regiões do médio e alto rio Negro e a área do rio Purus”, observou.
A Amazon Peixes trabalha com mais de 200 espécies de peixes ornamentais, mas antigamente essa lista era bem menor, cerca de 50 tipos que estavam na lista de permissão do Ibama, órgão regulador desse mercado. “Sendo que a maioria dessas espécies são do Pará, hoje o maior Estado exportador de peixe ornamental. Essa é uma área de muito abrangência para quem quer trabalhar com peixe ornamental no Amazonas”, explicou Sued.
Alemanha e China são os maiores clientes da carteira da Amazon Peixes. As espécies mais procuradas são os peixes limpa vidro (um tipo de acari muito pequeno) e os cascudos que também são uma espécie de acari da região do rio Negro, os polidores encontrados na região do rio Negro e do rio Purus e o acará disco. “Essas espécies são obrigatórias de se ter na lista”, disse. Ao longo do tempo a espécie cardinal saiu do topo da lista de exportação para ficar em último lugar. Por outro lado, no mercado nacional o cardinal ainda está em primeiro lugar. “A espécie menos detentora hoje de mercado é a que sempre foi a campeã, que é o cardinal hoje realmente não existe mais. O maior mercado do cardinal hoje é o próprio Brasil”, frisou.
A Amazon Peixe há dois anos iniciou a exportação de peixes ornamentais entre 20 a 30 caixas por mês. Hoje mantém uma média de 500 caixas por mês. Cada caixa pode variar de 30 até 900 peixes dependendo da espécie. No mercado nacional o começo foi bem tímido de 5 a 6 caixas por semana, hoje alcançaram uma média de 100 caixas por semana. “Um dos maiores mercados, hoje, do peixe ornamental é nacional”, disse.
Projeto Piaba potencializa atividade "Compre um peixe, salve uma árvore" esse é o slogan do Projeto Piaba que tem a missão de aumentar o bem-estar animal e sustentabilidade ambiental, social do comércio de peixes ornamentais da Amazônia, para desenvolver e incorporar métricas por meio do qual este progresso pode ser avaliado, e para fornecer mecanismos para promover esta indústria. Os objetivos estão voltados para a coleta de dados de base socioeconômico, do ecossistema e da diversidade de peixe e para analisar o impacto do comércio de peixe ornamental em ambientes sociais e naturais. Além de desenvolver melhores práticas de manejo para o cuidado dos peixes capturados, destinados aos mercados internacionais.
Os protocolos BHPs (melhores práticas de manejo) serão projetados para minimizar o estresse e trauma na captura, em estágios intermediários, e na pré-exportação condicionada será conduzida, principalmente através da melhoria da nutrição de peixes e aclimatação às condições da água comumente encontrados no comércio internacional. Os BHPs são vistos como um dos pontos chave para ser mais competitiva a comercialização no mercado mundial. Os peixes que foram cuidadosamente tratados, alimentados com alimentos altamente nutritivos, e aclimatados para os parâmetros químicos da água adequada, terão um valor alto e maior demanda do mercado, maximizando os benefícios socioeconômicos e ambientais.
Outro objeto do projeto Piaba é desenvolver uma estratégia de marketing para a comunidade de origem dos peixes, onde os consumidores terão a capacidade de, através de um sistema de rastreamento, obter informações online sobre a história de suas espécies de peixes individualizadas, incluindo uma imagem e biografia do pescador que capturou o seu peixe.
Saiba mais
pesca ornamental é a atividade de subsistência principal para as comunidades ribeirinhas do município de Barcelos, localizado na região do médio rio Negro, distante 405 km de Manaus, capital do Estado do Amazonas. Sua população é de 27.273 habitantes (IBGE-2014) distribuídos numa área de 122.475,7 km². O comércio de peixes ornamentais contribui em, pelo menos, 60% da receita de renda no município.
Felizmente, os habitats naturais de várzea dos peixes ornamentais têm permanecido praticamente intacta. Muitos peixes florestais têm um ciclo de vida curto, menos de dois anos, e essas populações de peixes podem ser rapidamente repostas. Bem como, pode ser possível através de uma gestão adequada para proteger o habitat de degradação, mantendo as safras abundantes. Uma única espécie, o tetra cardinal (paracheirodon axelrodi) constitui mais de 80% da pesca artesanal e de exportação da bacia do rio Negro. O doutor HR Axelrod e o Willi Schwartz foram os pioneiros no negócio de peixes ornamentais de Barcelos, em 1955, como um empreendimento comercial. Com altos e baixos esse negócio voltou a crescer em 2014. 

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