sábado, 2 de julho de 2016

Milionário, Aquário do Pantanal tem lambari, elefante e estragos do tempo


Por Aline dos Santos - Campo Grande News

Os pequeninos lambaris reinam sozinhos nas águas do milionário e elíptico Aquário do Pantanal. A obra, que supera R$ 230 milhões e tem sucessivas dilatações de prazo para entrega, foi projetada para 260 espécies.
Contudo, cinco anos após o começo da construção, os habitantes se resumem aos lambaris, predadores de larvas; um elefante na cenografia que representa a África; e uma boneca no aquário da Tailândia, que teve que ser escondida por caixas para não assustar a vigilância. A passagem do tempo deixa marcas na gigante elipse projetada pelo renomado arquiteto Ruy Ohtake e localizada na avenida Afonso Pena, em Campo Grande. Na entrada, um acrílico trincado na fachada. Dentro do aquário, basta olhar para cima para o cenário se repetir. A cúpula também tem placa com avaria, provocada pelo choque de um drone. Somente em acrílico, que se espalha pelos tanques, o gasto era de US$ 5 milhões até 2014. A visita da reportagem começa pelo saguão, onde uma lanchonete espera por clientes, os banheiros aguardam as divisórias e o auditório, com vista para um aquário com capacidade para 85 mil litros de água, funciona como depósito. Com problemas de alinhamento, parte do piso é substituída. No caminho para os tanques, a escada tem pontos quebrados. Na área externa, as madeiras sem impermeabilização sofrem o efeito da exposição à chuva e sol. Vidros e ares condicionados também esperam pela instalação. Na retomada da obram, também foi encontrado item vencido, como cimento. O material para reaproveitamento já foi separado. Com algumas partes concluídas, o Aquário do Pantanal é promessa de passeio atrativo, principalmente, quando um túnel, cercado e coberto por tanques, ser povoado com peixes e colocar o visitante dentro de um rio. Na parte externa, a guarita da obra, no número 6.277 da avenida, é transferida para um ponto mais próximo da Afonso Pena. A intenção é melhorar o acesso.





Novela - A saga começou em fevereiro de 2011, quando a Egelte Engenharia venceu licitação para construir o Centro de Pesquisa e de Reabilitação da Ictiofauna Pantaneira, nome oficial do aquário, por R$ 84 milhões. Porém, em março de 2014 a construção foi repassada em subempreita para a Proteco Construções, empresa que desde o ano passado é investigada pela PF (Polícia Federal) e MPE (Ministério Público Estadual). O então governador André Puccinelli (PMDB) informou que se tratava de um “mutirão cívico” para concluir o empreendimento. Gravações da operação Lama Asfáltica apontam para uma frenética negociação para que a obra trocasse de mãos e ganhasse aditivo de R$ 21 milhões. Com a divulgação das denúncias, o MPF (Ministério Público Federal) recomendou em 22 de julho de 2015 que a administração estadual, já na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), suspendesse os contratos com a Proteco. Após impasse na Justiça e paralisia da construção, a obra foi retomada em 4 de abril de 2016, após acordo entre a Egelte e o governo. O contrato tem saldo inicial de R$ 6 milhões. Porém, para a conclusão da obra, há um impasse porque já teve aditivo de 25%, o máximo permitido pela Lei de Licitações. Ainda não foi divulgado o custo para o término, mas, em abril, empresa e governo apontavam valor entre R$ 30 e R$ 40 milhões. O impasse pode prorrogar, mais uma vez, o prazo do fim da obra, previsto para junho de 2017.
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